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Mostrando postagens de 2006
Sem título Estou sonhando de novo. Dizem que sonhamos aproximadamente sete vezes por noite. Já fico feliz quando me lembro de um. Será que esquecerei deste? Antes que acabe, deixe eu prestar atenção... Espera um pouco! Este aqui é diferente; daqueles deliciosamente reais. Pessoas, cores, cheiros, sensações... Tudo mais saboroso que a própria realidade. De vez em quando temos esse prazer: um sonho tão bom que podemos chamá-lo sonho. Vou parar de encanar, e embarcar de vez nesta experiência... Legal! É minha infância. Tenho uns oito anos e jogo bola na pracinha perto de casa. Estou me lembrando. Os garotos da vizinhança competiam em um torneio, no qual eu acabara de passar para a semifinal. Mas, por alguma razão, os acontecimentos deste dia não estão seguindo os rumos que minha memória jurava serem os certos. Eu não venci aquele jogo, não briguei com aquele cara, não fui o campeão! Tenho certeza!... Quero ir para outro lugar, e, imediatamente, estou. Posso me ver sentado em uma aula de g
Ao som de death and taxes Finalmente entendi. Entendi porque quase tudo que se faz – em termos artísticos – fala de amor. É só parar para pensar: poemas e músicas são barbadas. 99% do assunto é relacionamento amoroso. Ou é sobre o momento da conquista (paquera, primeira vez etc), ou fala do durante (ai como eu te amo, passo os dias esperando para te ver à noite), ou fala do fim do caso. Esse por sua vez, pode ser de quem deu o fora, e obviamente, também de quem levou o fora. Não preciso nem dizer que esse último é o recordista. E o amor não está só em poemas e músicas. Filmes, romances, quadros, todos esses também o expressam muitas e muitas vezes. Afinal. Eu disse que entendi o porquê e vou explicar. Expressar o que se sente faz bem; um incrível bem. Nos momentos bons, o que você mais quer é que o mundo todo saiba que você ama. E artistas então, esses sentem (e sabem) que se alguém pode se aproximar de descrever um sentimento: são eles próprios. Isso explica porque tantos poemas fala
O Vestido Achei que aquele momento seria o mais embaraçoso de minha existência. É uma sensação um pouco constrangedora, estar de pé com aproximadamente quatrocentas pessoas olhando para suas costas. Ao meu lado, uma mulher linda. Vestida toda de branco, com um véu enfeitando seu rosto. À minha frente, um senhor. Todo de preto, com um quadradinho branco no pescoço. Ele fala. As quatrocentas e duas pessoas escutam. No final, nos dá a palavra, “sim” é a nossa resposta. Uma hora depois estamos todos na festa. Curiosamente, o número de pessoas até aumenta. O pessoal prefere festa mesmo. Após as valsas, todos estão um pouco “altos” e eu decido maneirar na bebida – não quero esquecer o dia mais importante da minha vida. Passando por umas mesas, voltando do banheiro, me deparo com a Tatiana. Meu primeiro namoro sério. Na época eu achava que ela é quem estaria vestida de branco hoje; gozado. Sorrio, dou um abraço apertado e agradeço pela presença. Tento me lembrar o porquê do nosso término enqu
É quibe. É quibe. É hora. É hora. Rá-tim-bum! Quinta-feira, 18:30hs. Dia e horário ideais para festa de criança em buffet infantil. Sem presente não entra. O gigante de terno preto está na porta para garantir os sorrisos do pequeno burguês. É claro que o tiozão não comprou nada. Nem sequer tinha conhecimento do aniversário. Por pouco não foi para um happy hour. Ao chegar em casa, a esposa com os filhos já o esperava de presente na mão “Nem tranca a porta. Dá meia volta e vamos pra festa do Alfredinho”. “Espera um pouco. Só vou dar uma cagadinha”. A primeira coisa que o tiozão faz no buffet é perguntar pelo banheiro. Sua esposa o apressara em casa e o coitado não terminou o serviço. No caminho dos sanitários, dá tempo de um mini-hotdog, uma pipoquinha e um algodão doce. O palito deste é jogado no lixinho da “casinha”. O caminho de volta é quase igual. Trocando apenas o hotdog por carne louca. Senta-se na mesa e chama o garçom. Tiozão é um cara esperto e gosta de ser bem servido; seu cop
Sou tiozão mas eu me divirto – parte 1 Um personagem que todos nós conhecemos ganha uma participação ainda mais importante na noite de ano novo. Trata-se do tiozão. Aquele barrigudo de sunga. O primeiro a acordar (com o próprio ronco) e logo vai à praia. Quando as esposas chegam, os tiozões já consumiram batidas de maracujá, cinco latas de cerveja, e duas porções de porquinho – aquele peixe “nobre” que fica uma delicia empanado e ensopado de limão. Aliás, mexer com limão embaixo do sol é uma idéia e tanto, assim como tantas outras do tiozão. Lá pelas duas da tarde, o tiozão já está mais vermelho do que o camarão que acaba de comer. Tem areia enfiada até no fígado, já entrou no mar quatorze vezes para aliviar as vinte latinhas de kaiser e pra piorar, suou que nem um porco. Isso fez com que o protetor passado por sua esposa – depois que viu a melanina do marido atingir seu ápice – escorregar-se até seus olhos. O resultado é praticamente monstruoso; basta imaginar a cena. Peludo, suado,
À noite, em uma rua escura. Desempregado há cinco anos, Robervildo consegue uma entrevista de emprego numa loja de carros usados. É o quarto de uma grande fila de concorrentes à vaga. Entra na sala e a entrevista decorre normalmente até que o possível futuro patrão pergunta: -Se você estiver à noite, e ver duas luzes se aproximando na rua escura, o que é? -É um carro... -Sim, claro. Mas que carro? -Como assim? -É um Gol? Um Civic? Uma Mercedez? -Ué, não sei. -Ah! Pode ir embora então. Vou entrevistar outra pessoa. -Não! Espera! Me dá outra chance. -Tá bem... Se você estiver à noite, e ver uma luz se aproximando na rua escura, o que é? -Uma moto. -É claro! Mas qual moto? Uma Harley? Uma Honda Biz? -Não sei, oras. -É. Realmente você não serve pro serviço. Pode sair por favor. Robervildo já ia se retirando da sala, quando parou perto da porta e perguntou: -Deixa eu te fazer uma pergunta? -Faça. -Se você estiver à noite, em uma rua escura, e ver uma mulher rodando uma bolsa, com vestidinh
Presente de aniversário Manuel completava quarenta e cinco primaveras. Que alegria em toda a família Oliveira! Uma festa de arromba foi armada e muitos convidados vieram. Apenas alguns se confundiram com o convite e foram parar na rua Manuel de Oliveira, nº45. Sabe como são algumas pessoas da terrinha. O final da festa é sempre a melhor parte para Manuel. Que apesar de ter quase meio século, ainda é uma criança por dentro. Adora abrir todos os presentes ainda no mesmo dia, rasgando todos os embrulhos e caixas. No meio de muitas meias, camisas listradas e até um barbeador elétrico – que ele entendeu ser um mini-aspirador – veio o melhor presente que Manuel já ganhara em toda a sua vida. Foi paixão à primeira vista. Um pijama de seda. A mais legítima e deliciosa seda. Elegante, de uma maciez ímpar. Usá-lo era como andar nu, segundo o próprio aniversariante. Dias após a festa, Manuel continuava usando seu pijama. Ia para o trabalho com ele, saía com os amigos, levava o cachorro para pas
O lesma Eu conheço um camarada que é um tanto quanto lerdo. Sabe? Daqueles que nunca acreditam que é com ele. É capaz que no próprio casamento ele duvide até a hora que a noiva disser “sim”. Já vi mulheres darem em cima freqüentemente. Algumas chegam a falar com os amigos dele, para quem sabe ele se tocar com alguém dizendo “Escuta, cara. Tá vendo aquela loirinha ali? Ela acabou de falar pra mim que tá a fim de você”. Mas o tonto sempre responde “Não... Você tem certeza? Acho que não, heim? É... melhor não mesmo”. “Melhor não” é os colarinhos! Acorda, rapaz! Seu primeiro beijo foi uma odisséia. Todos os seus amigos já tinham tentado ajudá-lo a transpor essa etapa da vida. E aparentemente, ele não se importava com isso. Dizia que estava tudo bem e que um dia naturalmente “as coisas” iriam acontecer. É claro que isso era da boca pra fora. O que ele queria mesmo era da boca pra dentro. Uma deliciosa língua boca adentro. Um belo dia, aconteceu. Era uma garota nem bonita nem feia, do interi
25/11/2005 Rouxiboy Acordo assustado e com sede. Eu ainda estou morrendo de sono, e por isso rezo para que não esteja atrasado. Alcanço meu celular – que é meu relógio, despertador, calculadora, conversor de medidas e às vezes é telefone também – e que surpresa boa: ainda não são nem sete horas. Tenho mais uma hora inteira de sono. Dou uns goles de água (ainda bem que eu sempre levo um copo cheio antes de dormir) e desmaio. Pi pi pi pi!!! Como assim?! Pulo da cama e me atiro até o celular! Não é possível! Mas faz um segundo que faltava uma hora. Ai, meu Deus. Fazer o quê? Levantar, oras. Não posso me atrasar outra vez. Depois do banho e da escovação apressada, pego um todynho na geladeira e me mando para o adorável trânsito matinal de São Paulo. Um puta sol de verão resolve aparecer em plena primavera, justo quando meu ar-condicionado está quebrado. E não é só ele, meu rádio também não funciona há tempos. Fico escutando a melodia dos motoboys, buzinas e ônibus barulhentos, voando pela
Vamos ser amigos? – Texto 2 As grandes amizades são únicas e infinitas. Pelo menos enquanto durem. Acontece que elas nem sempre foram assim. Tudo começa de algum lugar, e certamente, melhores amigos já foram meros conhecidos. Então: como começa uma amizade? De onde vem a vontade de duas pessoas se tornarem confidentes e companheiras? Por que isso acontece? Muito difícil responder o que se passa no interior de pessoas que começam um processo de amizade. Elas próprias, se questionadas, não saberiam dizer. Um aspecto que é fato é o poder da empatia. Em qualquer situação de gente nova se conhecendo, algumas pessoas aproximam-se automaticamente de outras e vice-versa. Por exemplo uma escola nova, trabalho novo ou qualquer outro ambiente que se passa a freqüentar, rapidamente algumas pessoas vão se unindo. E não precisa ser em pares, ao contrário, é mais comum ainda que no início de uma grande amizade, forme-se um grupo antes. As chamadas “panelinhas”. De três a cinco pessoas que perceberam
18/11/2005 Ser amigo é – Texto 1 Essa é a primeira de uma série de crônicas que reforçam as idéias do postulado do amigo já publicado anteriormente. Vamos começar abordando o que será denominado Gesto Amigo . O Gesto Amigo, para quem é amigo de verdade, chega a ser desnecessário. Mas alguns camaradas insistem nessa tecla. É um tipo de gesto que funciona como medidor de amizade. Um favor é o exemplo típico. Ninguém sai fazendo favores para qualquer um, e logicamente, quanto maior o favor, maior deve ser a amizade entre o seu autor e o favorecido. Emprestar dinheiro é outro ato que se encaixa perfeitamente na categoria de Gesto Amigo. Apesar de ser parecido com o favor, trata-se de algo mais específico. Nesse caso, mais uma vez, existe a igualdade proporcional de tamanho, entre o ato e a amizade. Familiares sofrem sérios problemas nesse âmbito, porque às vezes nem são tão amigos assim e acabam emprestando as maiores quantias. Outro detalhe é o tempo que se demora em dev
01/11/2005 Postulado do Amigo Uma amizade é o resultado de três fatores combinados e, que podem ser assim representados: x+y+z=A (valor de uma amizade). A primeira variável, aqui chamada de x, representa o período . Nada mais que o tempo em que duas pessoas se conhecem. Uma vez que é praticamente impossível determinar a data exata em que dois conhecidos ou colegas passaram a ser amigos, definimos o período a partir da primeira data em que ambos se conheceram. Após definir o tempo, é preciso diferenciá-lo e torná-lo mais preciso. Trata-se da freqüência , definida na fórmula como y. Dentro de um determinado intervalo de tempo ( período ), existem infinitas possibilidades numéricas em que duas pessoas estiveram juntas. Por isso, a fim de diferenciar cada caso, calculamos a freqüência , que é o número de vezes em que houve encontro entre essas pessoas, dentro do já estabelecido período . É bem provável conhecer mais de uma pessoa há um intervalo igual de tempo, mas a fr

Existe desculpa melhor?

Mais um texto antigo, de aproximadamente um ano. É um dos meus favoritos por várias razões, inclusive por me lembrar de meu avô, o cara mais engraçado que já pisou na face da terra. ------------------------------------------------------------------------------------------------ A Desculperfeita Lembrei-me de uma frase que meu saudoso avô costumava repetir. Dentre tantas pérolas eternamente proferidas e igualmente adoradas, lembrei-me desta: Pede licença pra cagar e sai. A princípio parece uma simples frase. Pede licença pra cagar e sai. Ué? O que tem de mais? Já explico.Acontece que cagar trata-se da desculpa perfeita. Em primeiro lugar porque todo mundo caga. E uma vez que todos cagam, ninguém vai achar que é mentira, ou desculpa esfarrapada como, por exemplo, seria se alguém dissesse “tenho que levar meu maltês para aparar os pelos da orelha”. Não. Cagar é simples e direto. Vou cagar, com licença. Até aí, vocês, meus fiéis leitores, poderiam dizer “e porque não mijar? Ou escovar os d

Faz um ano

Quero começar com esse. Um texto de quase um ano atrás. Foi postado no dia 7/11 do ano passado. O primeiro dos melhores (na minha opinião) de minha vida blogueira. ----------------------------------------------------------------------------------------------- Então é Natal, mais uma vez. Então é Natal. Mas já? Que loucura. Esse capitalismo é realmente o grande vilão da nossa época. O comércio natalino chega cada vez mais cedo, obviamente, para conseguir mais grana. Sei que estou soando um pouco comunista, mas de fato, não sou. Sou capitalista mesmo. Adoro comprar. E sou, de acordo com uma pesquisa norte-americana, o segundo profissional menos confiável. Entre as profissões que as pessoas mais detestam, publicitário só ganha de advogado. Na minha opinião, eu quero que essa pesquisa se foda. Em qualquer profissão, em qualquer canto, existem filhos da puta e existem bons corações. Aliás, se Papai Noel existisse, o primeiro grupo nunca ganharia presente. Não me lembro exatamente quando par