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Mostrando postagens de novembro, 2009
Escuta Falei dos cheiros e as memórias que eles trazem, mas agora prefiro calar e aproveitar outro jeito saboroso de lembrar: ouvindo. Definitivamente, as músicas marcam. Marcam época, pessoas, lugares. É impressionante o dom que determinadas canções têm para nos tocar em pontos específicos. E não só; às vezes nos trazem sensações exatas, mesmo quando não relacionadas a uma coisa única. Por exemplo: o prazer de dirigir na estrada, cento e dez, cento e vinte, cento e sessenta, ou ainda, quando nos ajudam a dormir antes que a cuca venha pegar. Em casos assim, geralmente, a gente não sabe nem quem canta ou de qual viagem estamos lembrando. Mas a gente ouve e sente. Ou seria o contrário? O tempo muda tudo até que nada do que foi seja de novo do jeito que já foi um dia. A metamorfose ambulante que somos, inclui, logicamente, nosso gosto musical. Bandas que adorávamos, de repente odiamos e chegamos a negar nosso passado, escondendo que um dia ouvíamos aquilo. Mas quando me refiro àquelas mús
Rê começo Eles se conheceram sem querer, como é de praxe conhecer. Conversaram sem querer, mas não pararam de se entender. Interessaram-se sem querer, num momento em que não era para ser. Voltaram a se ver, novamente sem querer, mas agora pra valer. Foi aí que os lábios se encontraram por querer, no cinema em que não foram para ver. Não se desgrudavam mais, nem por querer, exatamente como tinha de ser. Viajaram cheios de vontade de querer. De querer se conhecer. Namoravam sem querer, até que um dia foram perceber: pagaram pra ver. Transformaram-se em pais, sem querer, se é que se pode dizer, mas que só podia ser. O amor aumentava junto do querer, junto do pequeno que só sabe viver. Decidiram ficar juntos, para valer, totalmente por querer. Comemoraram sua felicidade por querer dividir. Multiplicando-a para quem quisesse ouvir. Nova página estão prestes a ver. Sem querer saber como vai ser. Por querer ou sem querer, não há nada mais que se possa fazer. (para o irmão que sempre esteve aq
Sem querer Tenho insônia. Já perdi a conta de quantas noites passei assim. Eu, comigo mesmo, rodeado, às vezes perdido de mim. Passo o tempo, no melhor sentido passatempo da palavra. Invento idéias, repito coisas que esqueci, e ao procurar ilusória companhia, encontro contentamento verdadeiro – desses que ficam mesmo quando acabam. Tranquilo, ansioso, elétrico e preguiçoso. Não é que eu não tenho sono; apenas não dá para dormir. Sou dois, três, na minha cabeça: mil. O que me espera, espero não saber. E faço questão que seja assim. Se eu desconheço o que será e quem serei, de nada adiantam as demais perguntas fundamentais. Quando? O quando é relativo e chega quando quer. (Acaba quando puder). Onde é sempre lá, e o porquê é porque sim. Aqui e porque não, são inércia e desperdício; respectivamente. O tempo passa, sem dó. Leva com ele as respostas, mas deixa as perguntas. De que lado você quer ficar? Quero aprender conhecendo, reconhecer aprendendo. A teoria e a prática, a forma e o conteú
Ar, doce ar. Não é a toa que os cheiros são as lembranças mais fortes. Mais que imagens, sons etc. É como se a memória olfativa estivesse no coração de milhares de ligações nervosas. Basta acionar aquele mínimo ponto e um zilhão de coisas aparecem, de repente, na sua frente. Épocas, roupas, lugares, pessoas, e o mais importante: sensações. Experimente cheirar um CK One e feche os olhos. Imediatamente você estará de Levis 501 e new balance 1600, pronto pra matinê. Outro dia me deparei com um action figure super moderno recém-saído da caixa, e logo aquele cheirinho de plástico novo fez renascer em mim toda a minha infância, transformando-o num simples bonequinho. Lembrei-me de tardes inteiras montando Lego, falando sozinho e imaginando mundos gigantescos que cabiam e sobravam na minha cama de solteiro. Senti a alegria descompromissada de quem tem como maior responsabilidade terminar a lição de casa. Se deu saudade? Ô. Perfumes, sabonetes, cremes, xampus, todos podem estar facilmente asso