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Mostrando postagens de setembro, 2008
O síndico Seu Torquato sempre foi um homem de poucos amigos, colecionador de inimigos. Por onde passa, faz uns dois ou três. Atendente, garçom, gerente, manobrista, enfim, basta ter algum tipo de contato com ele para ser tomado por um sentimento de completa aversão. Aqueles que o conhecem há mais tempo já nem ligam mais. “Ih, o Seu Torquato? Esse aí é assim mesmo.”. Contador de profissão, é um homem sistemático, praticamente matemático; em tudo que faz. Sua sensibilidade se assemelha à de um avestruz e lida com gente como lida com os números. Para economizar o condomínio de onde mora, decidiu nomear-se síndico: felicidade dos moradores mais Caxias e total desespero dos porteiros e vizinhos moços. Não há nada pior para uma pessoa como Seu Torquato do que dar poder a ela. Na posição de síndico, Torquato é implacável. Vive inventando regras novas e seguindo as anteriores com religiosidade indiscutível. Uma das normas mais recentes proíbe qualquer morador de contratar uma diarista que não
O Big Ben é nosso. Vocês já devem ter ouvido falar do super-experimento científico que está acontecendo nesse exato instante, bem no coração do velho continente. Estou falando do acelerador de partículas, que pretende simular o início do universo: onde tudo começou. Quem somos? De onde viemos? (Excluindo apenas o ‘para onde vamos?’), todas as perguntas vitais prometem ser respondidas, ou ao menos, confirmadas. Tecnicamente, estamos falando de 28 quilômetros de tubulação ultra-moderna, em formato circular. Fica na Suíça, junto da fronteira com a França, e foi construída embaixo da terra, cem metros abaixo para ser exato. O experimento irá fazer dois feixes de prótons correrem em direções opostas, na velocidade da luz. Atraídos por imãs gigantes, estes feixes irão se aproximar, até se chocarem, causando nada mais nada menos que um pequeno big ben, cuja real conseqüência ninguém soube afirmar ao certo. A propósito: o experimento todo está sendo acompanhado por mais de dois mil cientistas
Eu quero a sorte de um amor tranqüilo Com sabor de fruta mordida Nós na batida, no embalo da rede Matando a sede na saliva Ser teu pão, ser tua comida Todo amor que houver nessa vida E algum trocado pra dar garantia E ser artista no nosso convívio Pelo inferno e céu de todo dia Pra poesia que a gente não vive Transformar o tédio em melodia Ser teu pão, ser tua comida Todo amor que houver nessa vida E algum veneno antimonotonia E se eu achar a tua fonte escondida Te alcanço em cheio, o mel e a ferida E o corpo inteiro como um furacão Boca, nuca, mão e a tua mente não Ser teu pão, ser tua comida Todo amor que houver nessa vida E algum remédio que me dê alegria (Cazuza)
Cotidiano Uma escada. Três andares separando seis lances de degraus, entre uma porta e outra. Por dia, são duas travessias; no mínimo. Carregando a si próprio e o peso do dia-a-dia; no mínimo. Bagagem, compras ou volta de balada dobram a dificuldade. Mas nada me tira mais do sério do que chegar lá embaixo pela manhã e aí me lembrar da chave do carro. Estacionar. Parece que o grau de dificuldade em arrumar vagas perto do trabalho piora todo dia. Chegou depois das nove, esquece: vai ter que andar. Outra briga curiosa acontece no horário de almoço: todos os carros voltando antes das duas, atrás do melhor lugar. Café. Em média, uns quatro por dia: dois de manhã, mais dois à tarde. O melhor é o primeiro: logo de cara, quentinho, desce perfeito. O seguinte geralmente está frio, ruim, mal coado, ou simplesmente não está. Acabou, e a coitada da garrafa térmica tosse umas gotas frias no copo plástico. Durante a tarde, idem. Começa bem e vai piorando ao longo das horas. Café. Há quem diga que fa