Era uma vez o que é
Era uma vez um menino desengonçado. Que por pouco não chega ao primeiro aniversário; sobreviveu. Por vontade ou destino. (Aliás, que diferença faz?) Cresceu, crescia. E com ele, seus sonhos. Acordava de madrugada e dizia aos seus pais: “meu joelho tá doendo”. Ouvia sempre a mesma resposta: “sinal de que você está crescendo”. Voltava a dormir feliz, com dor, mas feliz. Sonhava grande, enorme, ganhando o mundo com seu sorriso gigante e abraço de elefante.
Era uma vez um menino engraçado. Um garoto que ria, pegava errado no lápis, mas quase sempre acertava na palavra. Era quietinho e muito observador. Até os quinze era platéia solo de si mesmo. Ela adorava e ele se sentia à vontade. Disse que acertava na palavra? Mas só para quem ouvia. E ria.
Era uma vez um menino calado. Era, porque deixou de ser. Deixou para trás o silêncio e conheceu o amor. Ou melhor: reconheceu. O amor que não se explica, aquele que apenas sente. O amor em si. Mes