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Mostrando postagens de julho, 2008
eu Me sinto só mas não só. Me sinto bem também, mas tão bem! Acho que agora é a hora... a hora que se quer toda hora. Agora, não se vê noite afora a hora de não sermos agora. Me sinto só, mas não só. Me sinto bem também, muito bem. Escrevo sem opção; escrevo na contra-mão. Escrevo o que quero, senão: minha escrita pode morrer em vão. Cansei de tentar rimar; cansei de me preocupar. Por mais que eu fuja da métrica, ela sempre há de ficar. (é estética!) Já disse que me sinto só, sem estar. Sem televisão, sem sala de estar. Olho essa tela em branco, vejo lá dentro: encanto. Me sinto bem, tão bem que sinto o bem que só faz o bem. Sinto o presente, lembro o passado. E no futuro, eu quero ganhar dobrado. Me sinto só, mas não só. Eu me sinto bem, mas tão bem! (...)
Nunca para sempre Aeroporto, quase três da manhã. Ele olhava freneticamente para o relógio, de dez em dez segundos. Ela preferia a janela; observava tristemente as gotas da fraca chuva que rolavam pelo vidro, com alguma movimentação de aviões desfocados ao fundo. O assunto havia acabado desde que se sentaram ali, à espera do inevitável vôo. Tanto para falar, e nada para dizer. Lembravam tudo que já tinha sido dito, e do nada que devia ter sido. Apenas esperavam. Ele se lembrou do bar em que chegaram juntos quatro horas antes. Seria hoje, tinha que ser hoje. Aliás, havia demorado. Chegaram só os dois, no mesmo bar de sempre, com uma sensação completamente nova. Ambos sabiam que o lugar era o de sempre, mas a ocasião era a do nunca mais. Cada minuto mágico, e trágico. Os dois se divertiam, brincavam, conversavam, como sempre. E o tempo passava mais rápido do que nunca. Pediram a saideira. Degustaram momentos lindos do curto tempo que passaram juntos. Nunca uma longneck durara tanto. Come
Declaração de amor. Lá vou eu dissertar sobre a Califórnia outra vez. A Califórnia Brasileira, claro; bela e calorosa Ribeirão Preto. Dia a dia me apaixono mais por essa cidade. Tudo aqui tem um jeito próprio de ser, desde as inúmeras praças, tranqüilas avenidas, bares sempre lotados, pessoas e seu jeitinho de falar, enfim, tudo mesmo. Os bares pegaram a moda da Terça em Dobro lançada pela AmBev há um tempo atrás, e ao contrário do que os botecos de São Paulo fizeram, aqui continuaram a promoção por conta do dono. E mais do que isso, pegou tanto que todo dia é dobro de alguma coisa em algum lugar. O problema vai ser o dobro de gente perdendo o dobro de carta. Ah, até o número de bafômetros disponíveis pela polícia dobrou: agora são dois! Avenida Nove de Julho. A daqui ainda é de pedra. Aquelas pedras escuras e irregulares, ideais para quebrar saltos-altos. Foi a primeira via que deixou de ser de terra, mas também não quis saber do asfalto. Ainda bem, seu charme está aí e no canteiro ce
Oito Há quanto tempo não entrava naquela cidade? Oito anos. Lembrou-se nitidamente do dia em que foi embora, cheia de certeza que não voltaria nunca mais. Os estudos enfim terminados, ótimas perspectivas em sua pacata cidade natal, muito vontade de trabalhar, e um único ponto negativo: os amigos que tinha feito ficariam para trás. É a vida, acontece. Mas agora estava de volta. Será que os telefones continuam os mesmos? E as feições? Risadas? Havia mandando alguns e-mails antes de sair e agora corria os olhos pelo computador da lan house, procurando alguma resposta. Havia uma, apenas uma; ao menos uma. Falava de um chá-bar. Um casal de amigos das antigas ia se casar. Chegando ao endereço marcado, um edifício de classe média cujo salão de festas já demonstrava a barulheira do evento, uma certa indecisão. Afinal, há quanto tempo não via aquelas pessoas, e também sentia culpa por ter sido um pouco displicente com eles; nunca foi muito boa em manter os contatos. Resolveu entrar com um sorri
Mutante Aposto que vocês já ouviram falar em Os Mutantes, novela da Record que vem surpreendendo com bons números no Ibope. Mas talvez vocês ainda não tenham tido o prazer de assistir a um episódio. Garanto. Vale a tentativa. Sem juízo de valor, a novela é diferente. Diferente e tosca. Algo como o talento dos jovens aspirantes a galã de Malhação, com um toque de ex-globais que tentam elevar o nível das interpretações, e tudo isso ao redor de uma estória estapafúrdia entre o bem e o mal. Estapafúrdia, pois praticamente 100% das personagens são mutantes, tipo x-men. Além de vampiros, lobisomens, homens-cobra e outras bizarrices. Se tudo isso fosse esteticamente bem acabado, com bons efeitos visuais e cenários caprichados, poderíamos estar de olho num Heroes brasileiro. Mas não. É tudo da pior qualidade, onde um estacionamento apagado se transforma na cidade dos homens-formiga; só para citar um exemplo. Há também os policiais. A Depecom. Uma espécie de grupo secreto especializado em comba
Paradoxo sem fim Paixão é o que nos move. Quando a paixão vence, e o objeto da paixão por ela se apaixona, duas coisas podem acontecer: o fogo apaga, mantendo uma fina brasa em busca de novas paixões, ou o fogo cessa, e se materializa na forma sem forma mais linda que se tem notícia; se transforma em amor. Amor é o que nos une. Quando o amor se espalha, e o fruto amado também ama, uma coisa pode acontecer: êxtase, paraíso, sublimação, arrebatamento, encanto. O encanto vive a encantar, e do encantamento em si, vive-se a plenitude, por um tempo. Tempo que mina o paraíso, enquanto o encanto desaprende a encantar. Novidade sem nada de novo, e o encanto desencanta; Quando o tempo vence o encanto, duas coisas podem acontecer: o amor canta um novo encanto, ou se transforma em sua forma sem forma mais triste que se tem notícia; se transforma em dor. A dor, de tanto doer, chega a arder. E de tanto arder, se transforma em brasa; uma fina brasa em busca de paixão. Novos ares encontrarão essa bras
Danado Ganharam um passarinho. Lindo, pequeno e frágil. Muito frágil. Passarinho novo é assim mesmo; não faz nada sozinho, mesmo querendo fazer de tudo. Mas era lindo, como era lindo o danado. Por mais que alguns dissessem: “pássaro novo é tudo igual”, eles sabiam que não. Esse era diferente, lindo, nosso... dele. Aos poucos, os cuidados mudam. Diminuem, de certa forma. Mudam porque é assim que tem que ser, porque é assim que sempre é. Deixam o passarinho ficar solto, observam de longe, vêem-no cambalear... cada movimento é puro, novo, repetido, e lindo. Como é lindo o danado do passarinho. Passa um tempo e o danado arrisca uns vôos-solo. Vai e volta; logo. Nunca pra muito longe. Às vezes precisam buscá-lo... (...) Cresceu o passarinho, o danado continua lindo que só ele. Descobre novos céus - céus só dele, e eternamente nossos. Mas volta, sempre volta; precisa vir pra ir outra vez. Quando menos se espera, o passarinho já sabe voar longe, bem longe. Mas não vai. Ou pelo menos, não por