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Mostrando postagens de outubro, 2009
. Certas coisas Deixou o carro no valet e saiu apressado, quase esquecendo de pegar o tíquete: “Ah, sim, obrigado.”. Entrando no local, passeou as mesas com os olhos, ansioso, e não encontrou o que procurava. “Estaria ela tão diferente assim?...” aí notou o mezanino e a escada que levava a ele. Venceu o último degrau, virou à direita e pode ver todo o primeiro corredor do andar de cima. Bem ao fundo, numa mesa de dois lugares, estava ela. Folheava o cardápio com delicadeza e dava rápidas olhadas para o andar de baixo. A lâmpada dicróica lhe dava um ar de conto de fadas. “Sim, ela não mudou nada.” Lentamente foi caminhando pelo corredor, passando mesa por mesa. Ela não demorou a notar o movimento e virou os olhos em sua direção. Ambos sorriram, abraçaram-se e sentaram-se: - Pensei que não fosse te reconhecer. - Você está diferente, isso sim. Eu tenho a mesma cara desde os cinco anos de idade. Lembra? - Quanto te conheci, você tinha vinte. - Não, tô falando da foto que... - ... foto? - E
. Sim Não tinha jeito, não tinha casa, não tinha apego, não tinha namorada, não tinha problema, não tinha relógio, não tinha ciúmes, não tinha dor, não tinha gripe, não tinha alívio, não tinha afago, não tinha cama, não tinha calor, não tinha frio, não tinha doce, não tinha amargo, não tinha abraço, não tinha briga, não tinha bronca, não tinha grana, não tinha barba, não tinha cheiro, não tinha medo, não tinha pressa, não tinha dívida, não tinha credo, não tinha esperança, não tinha dedos, não tinha preço, não tinha sombra, não tinha dança, não tinha voz, não tinha paz, não tinha fome, não tinha porquê, não tinha solidão, não tinha remédio, não tinha chão, não tinha cura, não tinha bolo, não tinha bala, não tinha via, não tinha vaga, não tinha nada. E tinha tudo. .